A relevância e a contribuição do setor do comércio para a economia brasileira podem ser vistas através da expressiva força de trabalho, do consumo das famílias, do desempenho das vendas nos últimos anos e da contribuição na composição do Produto Interno Bruto (PIB). O comércio, que responde por 12,3% do PIB, é composto por três grandes segmentos (varejo, atacado e veículos) é um setor que incorpora desde grandes redes nacionais e internacionais até uma imensa quantidade de micro e pequenos estabelecimentos familiares, demanda um grande número de trabalhadores, e é um tradicional absorvedor de mão de obra. Em 2015, o Brasil contava com 9,5 milhões de comerciários que representavam 19,8% dos trabalhadores formais no país, ficando atrás somente do setor de serviços (35,5%).
O desempenho do segmento varejista, medido pelo indicador volume de vendas, após mais de uma década de taxas positivas e com crescimento acima do PIB, encerrou 2015 com resultados negativos (-4,3%). Já a receita nominal de vendas registrou o menor crescimento no período com variação de 3,2% em 2015. Nos últimos anos, as variáveis que influenciam o consumo (confiança, emprego, renda, crédito e juros) sentiram o impacto do cenário de instabilidade política e institucional.
Além disso, algumas medidas de estímulo ao consumo (incentivos fiscais e linhas de crédito) também foram suspensas. As duas principais determinantes do setor, renda e crédito foram significativamente afetadas. A despesa de consumo das famílias – componente fundamental do PIB sob a ótica da demanda – registrou queda de 4% em 2015, interrompendo 11 anos seguidos de crescimento. Este comportamento é resultado do recuo de 5,3% da massa salarial, em termos reais, e do baixo crescimento de 2,8% (em termos nominais) do saldo de operações de crédito do sistema financeiro com recursos livres para as pessoas físicas. Ademais, em 2015, foram eliminados 1.5 milhão postos de trabalho, resultado da queda do nível de atividade com impacto direto sobre o desempenho do comércio. O fraco desempenho do setor no último ano, no entanto, não oculta o resultado favorável da atividade no período recente. Entre 2001 a 2015, o setor cresceu 89,6%, enquanto o PIB do período variou positivamente (50,7%).
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