Quase ninguém apostaria em um amor de verão ou em uma amizade entre crianças se revelando amor para a vida toda. Graça Mendes F. Bastos e Murilo Bastos apostaram e ganharam a aposta.
Essa história está registrada no livro Foi possível sim!, escrito pela contabilista e lançado em dezembro último. Aos 67 anos, Graça Bastos conta a história de amor da sua vida, estreando como romancista. O romance biográfico traz um relato pitoresco, marcado por preconceitos de raça e classe social, por doenças e outro casamento malsucedido.
Em uma viagem de férias, Graça e Murilo se conheceram ainda crianças. Das brincadeiras infantis, vieram 8 anos de namoro, interrompidos pela ida de Murilo para o Rio de Janeiro onde foi trabalhar no Teatro Brasileiro. Segundo a autora, eles viviam um amor proibido por causa do preconceito racial e das diferenças sociais. Mas nada os separava, nem a distância geográfica, pois todas as vezes que Murilo voltava ao Ceará, eles ficavam juntos.
Mas, a vida seguiu novos rumos. Graça se tornou contabilista e professora. Murilo continuou no Rio, trabalhando no Teatro… O tempo passou, o casal se afastou e Graça casou com outro homem. A união foi malsucedida, mas rendeu a ela dois preciosos presentes: as filhas.
Quase 40 anos distante de Murilo, Graça o reencontra em 2016, através das redes sociais. Em menos de três meses de conversa pela internet, como bons amigos, o casal decide se encontrar. O encontro aconteceu em março, durante um show no teatro Carlos Câmara. Logo em seguida, viajam juntos para Uruburetama. Poucos dias depois, Murilo – já de volta ao Rio de Janeiro – pediu Graça em namoro. Mais três dias se passam e vem o pedido de casamento.
Casaram em junho de 2016, no Rio de Janeiro. Um casamento feliz que durou três anos, interrompido desta vez, por um infarto fulminante, que levou Murilo em abril de 2019.
“Foi uma linda história, de um amor impossível que superou preconceitos, distância e doença. Distanciamo-nos e nos reencontramos quase quarenta anos depois. Vivemos um relacionamento feliz, nos sentimos extremamente amados um pelo outro. Vimos essa maravilhosa bênção como milagre de Deus e agradecemos a Ele muitas vezes juntos. Apesar de pedir a Deus para que morrêssemos os dois juntinhos, eu fiquei só. Tenho muita dificuldade de viver, de aceitar essa grande perda, mas reconheço que não sou autora da vida. Acredito que o céu é de verdade e nós vamos nos encontrar de novo” – conta Graça.