Em carta, Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores convoca categorias para manifestação nacional
São Paulo, 28 de junho de 2013
Companheiros (as)
Como presidente da UGT cumpro o dever e a responsabilidade de me dirigir a cada um dos companheiros que comandam sindicatos e federações filiadas, para expor as preocupações e orientações que julgo devem nortear nossas respostas às muitas perguntas que surgiram com a explosão popular que tomou conta das ruas do nosso País.
Desde o primeiro momento que o clamor da população, expressado nas manifestações que tomaram as ruas, a UGT se posicionou solidária na luta por uma nova ordem social. O clamor das ruas surpreendeu e está gerando perplexidade a todos nós. Entretanto, grandes partes das reivindicações agora apresentadas nas ruas sempre estiveram presentes nas discussões realizadas nos seminários, nas plenárias e nas reuniões da Executiva da nossa central, comprovando nossa sintonia com as necessidades da sociedade e da classe trabalhadora, em busca de profundas mudanças que atendam a todos, representando a prática de um Sindicalismo Ético, Cidadão e Inovador.
Nossa marcha a Brasília, que em março reuniu mais de 50 mil trabalhadores cobrando do Governo a aprovação de nossa pauta foi um exemplo da busca de mudanças que a UGT têm reivindicado.
Além da pauta trabalhistas a reforma política esta na ordem do dia. Ela é fundamental para dar transparência ao processo eleitoral brasileiro e conter a corrupção que emana de um processo viciado onde o poder econômico se sobressai à vontade popular. E o voto se submete a regras que eternizam injustiças gritantes e engessam a possibilidade de renovação e arejamento do cenário político.
A mobilização do povo pelas redes sociais é fato novo que foge completamente aos filtros e controles das elites midiáticas, partidárias e, não temos como negar, também sindicais. Fomos todos surpreendidos. Do presidente do menor sindicato à presidenta da República, ninguém poderia prever ou esperar o que está acontecendo.
O povo brasileiro quer mudanças na forma, no conteúdo e na prioridade com que as classes governantes tratam os serviços básicos essenciais. Os trabalhadores querem manter o Brasil no caminho do crescimento do emprego e da renda do trabalho, que dependem diretamente de serem desfeitos os nós nos serviços básicos de Educação, Saúde, Transportes e Segurança Pública. Devemos aproveitar este momento de grande mobilização nacional para fazer avançar nossas lutas históricas, tais como o Fim do Fator Previdenciário e às 40 horas semanais.
As demais centrais sindicais encamparam a proposta original da UGT, formulada em 25 de junho, na Reunião Extraordinária da Direção Executiva Nacional, e foi marcado o próximo 11 de julho o Dia Nacional de Lutas com Greves e Mobilizações.
Na prática, as centrais realizarão a Greve Geral nas grandes cidades e o maior número possível de focos de manifestação pelo País afora.
As UGTs estaduais e os sindicatos filiados em todo o Brasil têm os próximos 13 dias para formular e implementar suas estratégias de participação. A UGT nacional recomenda que as ações sejam planejadas e realizadas pelos sindicatos nos locais de trabalho ou em conjunto com as demais centrais nas concentrações públicas, sempre buscando destacar a marca da UGT com o máximo possível de faixas, cartazes, bonés e camisetas com as mensagens cores e símbolos ugetistas.
Já somos alvo das instituições públicas, como é o caso do MPT, que tem adotado práticas antissindicais. O momento é de buscar na mobilização das bases o fortalecimento da nossa posição como protagonistas do diálogo social e de defesa dos direitos e bem estar dos trabalhadores. É resgatar nossa credibilidade ou sentar e esperar pelo breve fim da estrutura sindical como hoje a conhecemos.
Das bandeiras que a Direção Executiva da UGT deliberou apresentar neste momento à sociedade brasileira, várias já tiveram o seu atendimento anunciado pelo Congresso Nacional nos últimos dias. Outras ainda estão por conquistar e devem nortear nossa participação no Dia Nacional Lutas e Greves com Mobilizações são elas:
1. Prioridade absoluta para a melhoria imediata dos serviços de saúde, educação, segurança pública e transportes, com investimentos maciços em estrutura e na formação dos profissionais.
2. Fim do Fator Previdenciário, com a derrubada imediata do veto presidencial;
3. Correção da tabela do Imposto de Renda (defasada em até 70%);
4. Recuperação das Perdas do FGTS (roubado em até 88,3%);
5. Redução imediata da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução dos salários;
6. Fim do Foro Privilegiado;
7. Criação da Lei de Responsabilidade Política e Social, que obrigue os governantes a cumprirem seu programa de governo, sob pena de ficarem inelegíveis;
8. Por uma auditoria independente dos gastos públicos para a Copa e as Olimpíadas;
9. Garantir o término dentro dos prazos e orçamentos iniciais de todas as grandes obras de infraestrutura, com investigação de todas as denúncias de corrupção e desvios;
Propostas da UGT já conquistadas
Fim do voto secreto dos Parlamentares (já votada no Congresso)
Não a PEC 37 que restringe o papel investigativo do Ministério Público em casos de corrupção. (Já conquistada com a rejeição da PEC pelo Congresso).
Vamos à luta, companheiros!
Ricardo Patah
Presidente da União Geral dos Trabalhadores