Por Marcos Oliveira e Sérgio Souto,
no Monitor Mercantil
A divulgação de pesquisa do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostrando que a rotatividade do trabalho no Brasil alcança 36%, quando excluídas as demissões por transferências, aposentadorias, falecimentos e demissões voluntárias, desmonta um dos mitos mais recorrentes mobilizados pelos setores mais reacionários da elite tupiniquim: o do elevado custo da mão-de-obra no país.
Segundo dados de 2007 e 2009 analisados pelo BNDES, na construção civil, as demissões imotivadas alcançam 86,2% dos trabalhadores e, na agricultura, 74,4%. Ou seja, diferentemente do que propugnam os ávidos por reduzir direitos trabalhistas e sociais, demitir no Brasil é muito barato.
Dupla pressão
A elevada rotatividade da mão-de-obra serve ainda para engrossar o exército industrial de reserva, que deprime os salários pagos no país.
Segundo a pesquisa, 50% dos trabalhadores que perdem o emprego não conseguem se recolocar no mercado de trabalho. Além disso, grande parte dos que conseguem arrumar o emprego obtêm salários menores do que a ocupação anterior.
A história é mais antiga
O cientista social Theotonio dos Santos, integrante do Conselho Editorial do MM, recebeu o título de professor emérito da Universidade Federal Fluminense (UFF), na última quarta-feira (15).
Em seu discurso, Santos reiterou sua crítica ao eurocentrismo, base da Teoria da Dependência, da qual é um dos signatários: "A hegemonia européia se deveu a um momento histórico específico, de predominância do capital. Até hoje a ciência econômica afirma que a economia não pode viver sem ele, mas isso aconteceu durante milênios", enfatizou o homenageado, que é doutor em Economia por notório saber.
Tempos efervescentes
Durante a cerimônia, foi ressaltado que desde muito jovem Theotonio dos Santos já exibia grande maturidade e acurada visão da realidade. Para ele, isso se deveu ao momento histórico que o país vivia nos anos 50: "A tensão pelo desenvolvimento provoca definição de vocações muito fortes, inclusive na juventude. A Teoria da Dependência se formou na Universidade de Brasília (UnB), que é um dos capítulos daquela época", relembrou, acrescentando que a China hoje vive momento semelhante ao do período JK.
Conteúdo incômodo
Anfitrião da homenagem, o diretor do Instituto de Ciências Humanas e Filosofia da UFF, Francisco de Assis Palharini, observou que ao acessar o blog de Theotonio através do Google, encontrou mensagem advertindo que "o blog que você está prestes a abrir possui conteúdo adequado somente para adultos".
Como o objetivo do blog é estimular o debate de idéias, a advertência soa, no mínimo, estranha, principalmente, partindo de que uma empresa que se apresenta como defensora da liberdade de imprensa e acusa a China de censura.
Sem planejamento
A Secretaria de Estudos Estratégicos foi criada para abrigar Mangabeira Unger. Durante dois anos, Mangabeira dedicou-se a preparar sozinho um projeto estratégico para o Brasil. Com repercussão zero – nem o presidente Lula o recebia – abandonou o cargo e voltou para os Estados Unidos.
Substituiu-o o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, estilo oposto ao de Mangabeira. Começou a preparar, encomendado por Lula, o plano Brasil 2022, que agora vem à luz.
Samuel vai-se embora com o novo governo e será substituído pelo ex-governador Moreira Franco. Alguém dúvida que Moreira vai jogar na lata de lixo o Brasil 2022 e se dedicar à política do dia-a-dia, mais do seu feitio?
Volta à República Velha
Pelo lado das exportações, vem do vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, exemplo emblemático de como, mais e mais, o país reprimariza sua pauta de exportações.
Segundo Castro, as exportações de minério de ferro devem crescer em US$ 9,3 bilhões, ano que vem. Esse valor é superior ao incremento do superávit total do Brasil projetado pela AEB para 2011, de US$ 8,7 bilhões.