Enquanto funcionário do Banco do Brasil, o Promotor participou de movimentos grevistas na década de 1980. O que mudou hoje no panorama sindical brasileiro?
Em outros aspectos evoluímos muito. Afinal tivemos nesse intervalo uma nova Constituição. Mas, hoje acredito que temos um retrocesso. Um exemplo bem claro é a criação de instrumentos contra a cidadania, contra os direitos sociais muito forte hoje em dia. A ideologia, a cultura neoliberal acaba minimizando os efeitos de instrumentos importantes e isso é muito preocupante. Acho até que na época de 1980, o sindicato tinha uma atuação mais forte. Mesmo com tudo cerceado e proibido.
Como o movimento sindical pode lutar contra a prática antissindical?
Acho que com parcerias. Os sindicatos tem que mostrar para as instituições uma imagem positiva e buscar defender a reforma sindical. A partir do momento que ele assumir a defesa dessa reforma ele vai ter uma credibilidade muito maior e as alianças serão mais sólidas.
Hoje em dia o sindicato vai conversar com o Ministério Público apenas para ver a questão da contribuição sindical e a conversa para nisso, não continua. Com isso, a entidade deixa de ver as ações do Ministério Público em defesa dos trabalhadores. Do mesmo jeito que o Ministério não percebe a atuação do sindicato beneficiando os trabalhadores. A contribuição sindical fica muito em evidência.
Ricardo José Macedo de Britto Pereira é Procurador Regional do Trabalho em Brasília.